segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sampa

Há duas semanas visitámos São Paulo. Fomos de camioneta (o André adorou!) durante a noite e chegámos lá bem cedinho... cedinho o suficiente para assistirmos a uma interrupção do serviço do metro devido ao incêndio de uma carruagem na estação a seguir à nossa (nada de grave, nem sequer houve feridos, só o caos no sistema de transportes da cidade!) e a um autocarro eléctrico a estoirar mesmo à nossa frente (ao que parece é habitual, o motorista saíu, pôs as catenárias no sítio e continuou a viagem!) o que com os gritos dos (das!) passageiros deu sempre uma corzinha a um dia muito cinzento!

São Paulo é uma cidade cinzenta, uma Nova Iorque inventada pelos brasileiros, mas que suponho não ter  nem um décimo do interesse da sua musa inspiradora.

Tudo em São Paulo é imenso: desde os arranha-céus ao lixo nas ruas, desde as ruas quilométricas à quantidade de pessoas nas ruas, desde a variedade de oferta (cultural , gastronómica, arquitectónica...) à falta de oportunidades para quem lá vive.

São Paulo pareceu-me uma cidade de extremos: arranha-céus impecáveis ao lado de outros completamente abandonados e repletos de grafittis, o esplendor das lojas de luxo ao lado da maior das misérias humanas, parques urbanos repletos daqueles que se podem dar ao luxo de fazer desporto, um trânsito imenso de helicópetros sobrevoando aqueles que nem sempre têm para pagar o bilhete de metro.
Segundo os guias tudo em São Paulo é o melhor da América do Sul: os prédios são os mais altos, a cidade é a terceira do mundo em gente a viver nos seus limites. Mas para o que realmente interessa percebemos rapidamente que é apenas um problema de comparação: o Museu de Arte de São Paulo (outro que é considerado o melhor da América do Sul!) tem um corredor com alguns quadros engraçados, um Picasso, um Rembrant, um Van Gogh e pouco mais. Realmente, quando nos comparamos com os piores não é difícil parecermos os melhores.
O bairro japonês é uma fraude a tentar imitar a Chinatowns anglo-saxónicas. O que acabei por gostar mais, e eles nem dão muita relevância, foi ao Monumento da Independência, uma estátua imponente com o respectivo museu, construídos à beira do rio Ipiranga, e dentro do qual se encontra o túmulo do rei D.Pedro I, que deu a indepêndência ao Brasil.
Mas o que vou levar na cabeça de São Paulo é a pobreza. Aliás, pobreza é bom demais, aquilo é miséria mesmo. Em São Paulo os pedintes não insistem: aceitam um não com educação, retiram-se para não incomodar, já tão acostumados que devem estar da mesma resposta. O que não falta em São Paulo é gente a remexer o lixo para apanhar alguma coisa para comer, ou uma lata que depois possam vender e ganhar algum dinheiro (60 latas valem 4 reais, ou 1,30 euro), gente a dormir no meio da rua (literalmente no meio!) só com um cobertor entre o corpo e o chão, crianças a vender pacotinhos de gomas, jovens nos sinais de trânsito a tentar que alguém lhes pague por lavarem o vidro do carro.
Mas por incrível que pareça, não é nem de perto nem de longe a cidade perigosa que se ouve dizer em qualquer lado: quem tem mau aspecto não chateia ninguém, nunca nos sentimos observados, muito menos em perigo. À noite o melhor é estar em casa, mas isso é algo que se aceita com relativa tranquilidade.
Em São Paulo também o que nos valeu foi o Vinicius, amigo do Fábio quando ele esteve a fazer Erasmus em Lisboa. Andou sempre connosco, e no domingo ainda pudemos provar a melhor feijoada que já pudémos provar quando os pais dele nos convidaram a ir lá almoçar.
Apesar de tudo, foi bom ir a São Paulo.
.



Na rua de São João com o Banespa, o Empire State Building cá do sítio
.


Um barbeiro improvisado à fremte da catedral...
.

... e uma macumba em plena rua!
.


Um prédio coberto com grafitis (ou um grafiti com um pouco de prédio?)
.

Assaltámos o Banco do Brasil e ficámos muita ricos!
.
.
No Bairro da Liberdade, a maior concentração de japoses fora do Japão (claro, tinha que ser  maior!)
.

Conseguem ver a mão que está a sair daquele saco de papel? Isto foi na tasca mais nojenta de São Paulo!


O MASP
.

Um quarto de três passou a ser para cinco pelo mesmo preço!
.

.

O edifício Copan, de Oscar Niemeyer (uma grande desilusão!)
.

Sampa by night
.

O Monumento à Liberdade, à beira do rio Ipiranga, jazigo do Rei D.PedroI, primeiro imperador do Brasil
.

Valha-nos o nosso Palmeiras, que lá ganhou contra o Acadêmico!

Sem comentários:

Enviar um comentário