quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O princípio do fim

Sábado.
Sábado partiremos.
Sábado deixaremos para trás uma boa parte da vida que aqui levámos.
Sábado despedir-nos-emos de quem foi como uma família durante estes meses, daqueles que foram como irmãos, vivendo nesta favela chique que no final já não eram cinco casas mas cinco partes de uma casa só, onde se entrava sem bater à porta tal era a confiança, onde se ia para buscar qualquer coisa que não havia no nosso frigorífico sem ter que pedir.
Sábado diremos adeus àqueles que nos foram mais queridos:
Adeus ao Fábio, o nosso primeiro amigo estrangeiro de Floripa, que de início até pensávamos que era português.
Adeus ao Tiago, o pintas cá da favela chique, e ao seu jeito para condizer t-shirts de alças e pulseiras Dolce & Gabanna, tudo depois de meia hora a mirar-se ao espelho a pôr gel, mesmo quando vai para a praia.
Adeus à Nerea e à sua cabeça no ar, sempre pronta para dar tudo e nunca pedindo nada em troca.
Adeus à Sara e à sua faceta escondida, a que só se chega se ela deixar, mas que depois prende qualquer um.
Adeus ao Zé, o mais ponderado dos algarvios, sempre se esforçando para que todos se dessem bem.
Adeus ao Zé Maria e ao seu ar esgroviado, tão pronto a alinhar numa ida ao John Bull como a ficar em casa a não fazer nada.
Adeus ao Luís, um miúdo impecável, sempre pronto para ajudar e cujo único defeito é estar sempre a comparar tudo com a sua amada "Póbuoa".
Sábado só não diremos adeus ao Flávio porque já lhe dissémos na terça, quando partiu para Portugal, deixando a impressão de que por trás de alguma timidez ainda havia muito para conhecer.
Sábado, quando dissermos Adeus, todos sabemos que será mais um Até Breve, pois mais tarde ou mais cedo voltaremos a ver-nos, seja quando for, em Portugal ou Espanha.
Sábado não nos esqueceremos do que deixámos para trás.
Sábado será o princípio do fim...
... ou será o fim do princípio?
Hoje descobri que fiz o semestre todo com notas acima de 16 (até tive um 19!) com um caderno tamanho A5 de 48 folhas, das quais 18 ainda estão em branco. Das usadas, 8 folhas estão todas escritas com matéria das aulas. Ufa... que canseira!

Ah, e o mesmo caderno também deu para o curso de italiano, que aliás, ocupou mais de metade das folhas utilizadas! Tirei 18 a italiano...

domingo, 6 de dezembro de 2009

"Era uma casa muito engraçada..."

Agora que nos começamos a despedir de tudo, é altura de falar um pouco sobre certas características da nossa casa (ou kitinet, como por aqui se diz) a que aos poucos nos fomos afeiçoado. Não é defeito, é feitio...

... o nosso duche é eléctrico, com a tomada pouco acima da base, o que dá uma total adrenalina a cada banho. Mas o que chateia é que, enquanto os outros duches todos do condomínio são reguláveis para qualquer temperatura, o nosso apenas tem três: a ferver, frio e muito frio. O truque é estar sempre de braço estendido para ir variando entre o "a ferver" e o "frio", e ir fazendo uma dança enquanto se toma banho para nos irmos molhando quando a água está morna.


... os nossos colchões são de espuma, e deve ser da má, porque desde a primeira noite que debaixo do nosso corpo se vai formando uma cova cada vez mais funda, de onde já não se consegue fugir!


... o nosso fogão é ao pé da porta, o que com o constante corropio em que esta casa anda, não são raros os casos de algumas traulitadas no pobre cozinheiro.


... o quarto do André dá directamente para a luz do dia, pelo que mal o sol desponta, o rapaz já tem no quarto uma luz intensa que nem os cortinados bloqueadores que o Sr. Mário nos arranjou evitam.

... em contrapartida, o meu quarto e do Valter dá para uma selva de canas a menos de um metro da janela, pelo que a luz nunca entrou naquele quarto. Estamos a equacionar alugar o quarto ao governo brasileiro para servir de solitária.

... o tecto da nossa casa é o terraço comum, pelo que todo o sol e calor acumulado durante o dia nos tornam a casa insuportavelmente quente durante a noite.

... os bancos da mesa são de madeira, tanto o assento como o encosto, e formam um ângulo completamente desconfortável, pelo que aguentar sentado mais de meia hora é um acto heróico digno de condecoração pelo Presidente da República quando chegarmos a Portugal.

... a bancada da casa de banho (que nem meio metro deve ter) está feita num ângulo em que a água que se acumula lá não escorre para lado nenhum, pelo que está sempre inundada. O mesmo se passa com a zona em que era suposto pormos o escorredor da loiça.

... a construção da casa deve ser de uma qualidade tal que, nos tempos mais húmidos, temos quantidades de bolor em todo o lado nos quartos, que ataca tudo, desde a roupa até às fotografias, dos sapatos aos pacotes de farinha.


... para a história do bolor se calhar ajuda o facto de quando chove entrar água para o meu quarto e do Valter, formando um rio que atravessa meio quarto.


... da ponta mais longínqua da porta até esta são quinze passos a andar normalmente. Tanto que chamamos carinhosamente "corredor" a um espaço que tem um metro quadrado!

... a nossa dispensa é um bonito armário que devia ter livros, copos de cristal da Atlantis e loiça Vista Alegre, mas como nós nos remetemos a um voto de pobreza absoluta, estes foram susbtituidos por cebolas, alhos e tudo o mais que tem um odor agradável.

... o nosso autoclismo raramente volta a encher depois de despejado. É preciso dar-lhe uma mãozinha, levantando a tampa e empurrando para baixo o flutuador que devia ir para baixo e para cima conforme está vazio ou cheio de água. Como ele normalmente encrava é preciso fazê-lo descer manualmente, o que é muito confortável, principalmente quando se está sentado e por alguma razão se tem que descarregar o autoclismo mais do que uma vez!

De repente não me lembro de mais nada a apontar à nossa casinha. Coitadinha, já suportou tanto...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Os novos vizinhos


Um lagarto enorme e nervozinho...
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... um louva-Deus muito crente...
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... e uma osga ocupa no quarto do André!

Já diz a canção, "Moro, num país tropicau!"...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Brasileirices III: Os Sete Anões... outra vez!


Lembram-se desta imagem?

Sim, é a casinha dos patos no lago dos jacarés ocupada por dois dos sete anões. Ora bem, não valeria a pena regressar a este tema não fosse um pormenor muito curioso, ocorrido nos últimos dias.
Olhemos mais de perto...


Pois é, a casinha dos patos é agora habitada por seis do Sete Anões! De costas e isolado dos outros distingue-se perfeitamente o Zangão, a quem calhou provavelmente o turno de sentinela e está de olho naquelas duas tartarugas que nada podem trazer de bom.
Os outros não sei bem, mas parece-me que quem falta é o Dunga, provavelmente numa consulta de Terapia da Fala no Hospital Universitário, bem ali ao lado, a ver se resolve aquele seu pequeno problema comunicacional.
A Branca de Neve, nem vê-la, mas suspeito que se deve ter cansado de esperar o príncipe e de fazer uma dieta de maçãs e está a tirar Odontologia (que é a nossa Medicina Dentária) na Faculdade de Medicina e hoje é feliz a empaturrar-se de arroz com feijão todos os dias no Restaurante Universitário!

P.S. - OK, concordo, estou perfeitamente a ver isto a acontecer em Portugal, mas o que me intriga é o que é que irá na cabeça desta criatura, que se deu ao trabalho de, no meio dos jacarés, ter pegado num barquinho e ido até à casinha dos patos para pôr mais quatro anões! Ao menos tinha tirado os anões da porta para deixar os patos entrar quando dá a fome aos jacarés! Ou terá sido uma reinvidicação do sindicato dos anões mineiros ou um maquiavélico plano engendrado por um poderoso lobby de Hollywood? Que risada...

A favela chique


A favela chique

Hoje de manhã vieram cá a casa bater duas senhoras e um rapaz com uma fita métrica:

-Oi, desculpa incomodar, mas nós estamos a tirar as medidas das casa aqui do condomínio, se não se importassem que entrássemos...

Lá entraram. Pergunta o Valter:

- Desculpem lá, mas o que é que estão mesmo a fazer?
- Ah, estamos a tirar as medidas das casas todas para fazermos as plantas do condomínio.
- Mas quando construiram isto não havia já plantas? - pergunto eu.
- Não, não havia plantas nenhumas, agora é que as vamos fazer.
- Ah, pensava que normalçmante se faziam primeiro as plntas e depois é que construím as casas.
- Pois, aqui nem sempre é assim!
- Estou a ver...

P.S. - Ai a minha vida que isto ainda nos cai em cima da cabeça!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Especialidades gastronómicas

Algumas das maravilhas que se andam a comer por cá...
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Sopinha de cenoura com agrião
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Ostras com queijo gratinado




Francesinhas