domingo, 6 de dezembro de 2009

"Era uma casa muito engraçada..."

Agora que nos começamos a despedir de tudo, é altura de falar um pouco sobre certas características da nossa casa (ou kitinet, como por aqui se diz) a que aos poucos nos fomos afeiçoado. Não é defeito, é feitio...

... o nosso duche é eléctrico, com a tomada pouco acima da base, o que dá uma total adrenalina a cada banho. Mas o que chateia é que, enquanto os outros duches todos do condomínio são reguláveis para qualquer temperatura, o nosso apenas tem três: a ferver, frio e muito frio. O truque é estar sempre de braço estendido para ir variando entre o "a ferver" e o "frio", e ir fazendo uma dança enquanto se toma banho para nos irmos molhando quando a água está morna.


... os nossos colchões são de espuma, e deve ser da má, porque desde a primeira noite que debaixo do nosso corpo se vai formando uma cova cada vez mais funda, de onde já não se consegue fugir!


... o nosso fogão é ao pé da porta, o que com o constante corropio em que esta casa anda, não são raros os casos de algumas traulitadas no pobre cozinheiro.


... o quarto do André dá directamente para a luz do dia, pelo que mal o sol desponta, o rapaz já tem no quarto uma luz intensa que nem os cortinados bloqueadores que o Sr. Mário nos arranjou evitam.

... em contrapartida, o meu quarto e do Valter dá para uma selva de canas a menos de um metro da janela, pelo que a luz nunca entrou naquele quarto. Estamos a equacionar alugar o quarto ao governo brasileiro para servir de solitária.

... o tecto da nossa casa é o terraço comum, pelo que todo o sol e calor acumulado durante o dia nos tornam a casa insuportavelmente quente durante a noite.

... os bancos da mesa são de madeira, tanto o assento como o encosto, e formam um ângulo completamente desconfortável, pelo que aguentar sentado mais de meia hora é um acto heróico digno de condecoração pelo Presidente da República quando chegarmos a Portugal.

... a bancada da casa de banho (que nem meio metro deve ter) está feita num ângulo em que a água que se acumula lá não escorre para lado nenhum, pelo que está sempre inundada. O mesmo se passa com a zona em que era suposto pormos o escorredor da loiça.

... a construção da casa deve ser de uma qualidade tal que, nos tempos mais húmidos, temos quantidades de bolor em todo o lado nos quartos, que ataca tudo, desde a roupa até às fotografias, dos sapatos aos pacotes de farinha.


... para a história do bolor se calhar ajuda o facto de quando chove entrar água para o meu quarto e do Valter, formando um rio que atravessa meio quarto.


... da ponta mais longínqua da porta até esta são quinze passos a andar normalmente. Tanto que chamamos carinhosamente "corredor" a um espaço que tem um metro quadrado!

... a nossa dispensa é um bonito armário que devia ter livros, copos de cristal da Atlantis e loiça Vista Alegre, mas como nós nos remetemos a um voto de pobreza absoluta, estes foram susbtituidos por cebolas, alhos e tudo o mais que tem um odor agradável.

... o nosso autoclismo raramente volta a encher depois de despejado. É preciso dar-lhe uma mãozinha, levantando a tampa e empurrando para baixo o flutuador que devia ir para baixo e para cima conforme está vazio ou cheio de água. Como ele normalmente encrava é preciso fazê-lo descer manualmente, o que é muito confortável, principalmente quando se está sentado e por alguma razão se tem que descarregar o autoclismo mais do que uma vez!

De repente não me lembro de mais nada a apontar à nossa casinha. Coitadinha, já suportou tanto...

1 comentário:

  1. Ahaha

    Estou em Direito e no 3º ano penso em fazer erasmus. Gostava muito de ir para S. Paulo, mas de preferência para uma casa com melhores condições =P

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