terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Independência explicada às crianças

Na sexta feira, que é dos cinco dias em que não temos aulas, fomos a uma escola primária ver como é que uma professora explica aos pequenos brasileirinhos porque raio é que eles na segunda-feira não iam ter aulas, embora a diferença entre ter e não ter aulas não seja grande:

(ler com sotaque brasileiro)

“Meninos, há muito, muito tempo havia um principe português chamado Pedro. Este príncipe era príncipe porque o seu pai era o rei de um país muito, muito longínquo chamado Portugal. Nesse país havia uns problemazitos com uns senhores muito maus chamados franceses, e como o Rei, que se chamava João, tinha alergia a franceses, resolveu vir passar umas férias no Brasil e pagou a uns senhores ingleses para mandarem os franceses para fora de Portugal que ele não queria chatices com gente dessa laia.

Acontece que, já os franceses tinham regressado à França cheios de dói-dóis da porrada que tinham levado em Portugal e o Rei João não havia maneira de voltar para lá. É que ele gostava muito do Brasil e beber água de côco servida na praia por uma brasileira gostosa tem outro encanto, embora agora na Costa da Caparica também haja o mesmo tipo de serviço, e até outros mais arrojados.

Mas um dia lá teve que ser, o Rei João meteu-se num barco para Portugal e deixou o seu filho Pedro a mandar no Brasil.

O príncipe Pedro tinha crescido no Brasil, tinha amigos brazucas e tinha-se fartado de engatar brasileiras, quando o seu pai o mandou regressar para Portugal que já estava a ficar tarde e ele podia-se constipar, o príncipe Pedro fez birra.

Mas como dantes não havia internet, as pessoas escreviam cartas e elas iam de barco do Brasil para Portugal, que estão longe para burro. Ainda por cima os barcos dantes não tinham motor, portanto a birra do Pedro durou uma data de tempo, tanto que já nem ele se lembrava muito bem porque é que estava a fazer birra, o que também é normal quando se faz birra.

Houve um dia que o Rei João já estava a ficar farto da birra do príncipe Pedro e disse-lhe que, ou voltava para Portugal (e aproveitava e levava a Xica da Silva com ele que o rei estava com uma dor de costas que só ela poderia curar...), ou então ele punha-o de castigo na Trafaria.

O Pedro recebeu essa carta quando estava a fazer xixi para um riozinho chamado Ipiranga, ali numa terreola chamada S.Paulo. Quando leu a carta do pai, o Pedro ficou tão chateado, tão chateado que, mesmo sem lavar as mãos nem nada (o que é uma grande porcaria), deu um grito: "Independência ou Morte!". Como ninguém percebeu muito bem o que ele estava a querer dizer, já que os brasileiros nunca percebem o que os portugueses dizem, o príncipe Pedro lá teve que explicar que, a partir desse dia, 7 de Setembro de 1822, os brasileiros já não tinha que obedecer ao que Portugal queria.

Os brasileiros continuaram sem perceber o que o Pedro estava ali a dizer, e então fizeram uma grande festa, porque os brasileiros festejam pela mesma razão que as crianças fazem birras.

Nessa festa puseram uma coroa ao príncipe Pedro que, como tinha bebido cachaça a mais e já estava de olho na Xica da Silva, disse que a partir de agora ele chamava-se Imperador D.Pedro I do Brasil e disse arrebenta a bolha para os nomes que lhe chamavam até então. Como os brasileiros não perceberam nada do que ele disse, disseram-lhe que sim, porque os brasileiros nunca dizem que não.

Passaram-se uns anos até que o irmão do Imperador D.Pedro, o príncipe Miguel, começou a fazer asneiras lá por Portugal e os portugueses pediram ao Pedro se não podia dar lá um saltinho para dar tau-tau no irmão a ver se ele deixava de ter o pito as saltos. Disseram-lhe que se ele fizesse isso passavam a chamar-lhe Rei D.Pedro I de Portugal, e que até podia acumular o título com o brasileiro.

O Pedro, que já começava a estar farto do forró, do sertanejo e do samba, já que no Brasil não se ouve mais nada, achou que essa ideia era "légau" e lá foi ele mais a Xica da Silva, pois embora o pai já tivesse morrido, volta e meia ele também precisava que ela lhe tirasse as dores de costas.

E pronto meninos, agora vamos lá para fora apanhar cana de açúcar enquanto ouvimos o "Você é ciumenta", que hoje ainda só ouvimos trezentas e quarenta e sete vezes..."

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